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Saparada

Coletivo de sapos - Saparada.

Foi isto que andei engolindo ultimamente, sem poder chorar, poder gritar, poder dizer a ninguém o motivo. Caso fizesse, minha fraqueza seria aparente e deixaria de ser a mulher forte que sou no dia a dia. Uma tacada atrás da outra, sem poder de manifestação. Fique calada, meu cérebro dizia. Aguenta firme, pense em outras coisas, músicas das quais gosta, de momentos que te fazem sorrir, mas não chore, não hesite.
Respire fundo. Continuei e pergunto-me a todo momento por que não posso ter este momento para mim? Quero um canto e no máximo meia hora para desabafar e quem sabe, liberar a cobrança que sinto de mim mesma. Por não ser perfeita, de não fazer o que as pessoas esperam , de não seguir as regras à risca, de não ser tão esperada quanto  sinto que deveria ser.
Pessoas a minha volta parecem não compreender o que digo. Me irrito, por vezes sou ríspida com quem não deveria ser, sem intensão, esqueço sem querer de ações que deveria fazer, deixo objetos necessários em lugares que não lembro...e aí? O que faço?
Por muitas vezes sinto-me uma inútil. Sem saber que caminho tomar. Será o que faço é o certo? Será que o que faço é o que teria que fazer? Teria que ter ido com a Patty aos EUA como planejávamos? O que teria acontecido? Como estaria minha vida hoje? Estaria viva? Estaria com alguém? Com filhos? Sem filhos? Morando em que lugar?

Permito-me escrever para aliviar meus pensamentos.
Não me permito desabafar com absolutamente ninguém por ter quase a certeza de que não seria compreendida, que quem me ouvisse diria que tudo isso é besteira e que tudo terminará bem, que há acontecimentos piores na vida, que as coisas se encaminharão e que pra ter calma que verei pois sou merecedora. EU SEI DISTO! Mas o que se faz quando tudo parece andar contra? O que realmente quero parece escapar pelos dedos como se não fosse merecedora de nada do que quero.

Sinto saudades de muitas coisas, de muitos momentos que ficaram guardadinhos na memória, de  rostos que surgem e o coração bate com saudades imensas. Tive um namorado que dizia que não deveríamos olhar para trás, que a vida segue e pra frente que se olha.
Engoli muito sapo estes dias já. Confesso que chega a doer a garganta como quando desce a comida errado, sabe? Mas segui andando.
Pensei em desistir. Desisti por não ter onde me esconder sem que causasse o caos antes que me  achassem. Possivelmente procurariam-me na policia .

Dói-me o peito . Sinto medo . Proíbo-me sentir-me assim. Não posso, tenho milhares de coisas a fazer inclusive escrever que gosto muito e vou deixando de lado, e tenho a sensação de que traio-me agindo assim .

Hoje realmente não sei o que quero . Sair da zona de conforto seria o primeiro passo . Mas o que quero realmente ?
Tirar o Nesi das paginas do livro e trazê-lo de volta a minha mente . Onde está você , meu caro amigo de letras ? Com você posso expressar o que sinto sem ser rotulada de nada, principalmente de fraca. Vou trazê-lo de volta para que consiga continuar a caminhar com a força que sempre tive.

Sinto-me só . Penso nas pessoas que se sentem assim também e que nada podem modificar para que a situação se modifique...

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