Professora que sou há 21 anos, já vi muitas carinhas e diferentes ...outras tantas iguais.
Como em toda comunidade, as pessoas têm afinidade sempre mais com uns do que com outros. E com a gente não seria diferente. Há alunos que me lembro exatamente as atitudes em sala, outros nem que existiram. " Você foi meu aluno? Sério??" Eles crescem e mudam a face. Outros que guardamos no coração para sempre, encontramos na rua e sempre sabe-se como estão, mandam notícias pelas redes sociais - ainda bem que isto existe- e alguns já com filhos! Estou ficando velha...
Acredito que sempre fui uma profissional carinhosa, apesar das minhas patadas e exigências. "Não entendeu a lição? Trouxe o cérebro? Use-o! " Ao meu ver, quero sempre o melhor para todos, até para aqueles que me ignoram, digo a mim mesma que será recíproco, mas não consigo. Faz parte de mim incentivá-los e querer que sejam melhores...
Há pais de vez em quando, no meio do caminho e entendo tanta coisa quando os conheço...uma vez quase sai na mão com uma das mãe!!! Pobrezinha da menina, tão inocente...cooperadora... da bagunça!
Mas justificando o título do texto - AMANDA. Hoje, 2020, ela tem 12 anos, acho,... é um doce de menina e quase uma adolescente formada. Bem, ela faz parte daqueles que intitulo de " meus presentes", que sei que conseguirão alcançar desejos e objetivos pois querem, buscam, fuçam, questionam. Encontram em nós, professores, pilares de segurança. Tenho vários deles e o prazer de ter conhecimento sobre a vida da qual fazem parte.
Amanda - sexto ano passado, lá veio a turma do fogo. Eita turma que temos que ficar com dez olhos em cima.Há as panelas, há as doces, há os que só falam em games, os que só falam assuntos inapropriados para a idade deles, há os que querem que o mundo se acabe e rápido. A Amanda faz parte dos autênticos, que normalmente são poucos. Não é das meninas doces, mas tem sua panela que não tem tampa, faz parte dos que estudam, mas tem dia que não está a fim...então, não há lição que se finalize...fez? Ah, pro, amanhã eu termino.
Ano de 2020 e ano que Deus esqueceu de continuar a narrativa...a bagunça há seis meses instalada, pois estamos em setembro, faz-se presente e nós não estamos na escola, e sim em casa, dando aulas on-line. E onde está Amanda? Na casa dela...na casa da vó...sei lá...mas nos falamos muito pelas redes...quase todos os dias. Menina entediada, aliás, como quase todos da geração mimimi de hoje. Não sabem o que fazer... Teve um dia que estava tão estressada e um anjo a mandou conversar comigo e meu coração batia muito, de nervoso mesmo, e na descontração dela, colocou com sinal que faço sempre com eles com as mãos, comecei a chorar. Nem sei se sabe disso! Respirei, acalmei-me, mas a saudade apertou! Como também a acalentei quando contou-me que o namorado foi descoberto pela família e queria meus conselhos...e aí? O que falo? Tenho uma menina também, e entendo essas paixonites de menina. Aconselhei-a a uma conversa com a mãe e a ouvi-la. Mães têm o instinto de dizer o que precisamos ouvir, não é?
Houve presentes também : um dos presentes que me deu: consegui incentivá-la a ler!! UHU!
Nesses meses, a informação que me passou foram de dois livros robustos, e acredito, sabe por quê? A escrita dela melhorou muito, a maneira como passa a informação está clara, pontuada, acentuada. Confesso que estou surpresa, porém muito feliz. A fórmula deu certo, ela me ouviu, compreendeu que a leitura e a escrita facilitam tudo.
Mais um presente dado por ela: leu meus textos, alguns pelo menos e meu tão guardado livro, este só apresentado a poucos e o engoliu em um dia!!
Bem, mesmo que não fiquemos para sempre nos vendo todos os dias, a certeza de conexão é certa. Desejo muito que ela tenha o que deseja de bom e siga a trilha do bem e do sucesso!!
❤
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