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Carta à Angélica

Janeiro de 2018

Este ano faz quase 18 anos que exerço a profissão de docente. Todos os dias me levanto e contente, acredite ou não, para trabalhar, lecionar, ou como queiram.
Janeiro de 2018 consegui conversar por 10 minutos com uma das pessoas que mais gosto de trocar figurinha: em primeiro lugar, amiga, depois, colega de profissão e CHEFA. Estávamos em semana de planejamento e ela citou um documentário que fiz questão de procurar e assistir, mesmo sabendo que seria mais um que nos faz pensar em como lecionar. Sim, é mais um, mas é mais um que fez-me sentir a realidade de todos os dias, apesar de estar em um bairro privilegiado de São Paulo. Vi que a pobreza é a mesma em todos os estados do país. Vi o rosto dos meus alunos lá também e que a dificuldade na educação no Brasil são os governantes que não investem nosso suado imposto no que deveria, nas pessoas que desacreditam nos sonhos do jovem, (e olha que todos nós fomos jovens e lembramos sim que sonhar faz parte dessa fase da vida), não deixar que as opiniões deles apareçam e que por muitas vezes nos ensinem algo que não sabemos, mesmo que sejamos contra.
Enfim, teorias que nós que trabalhamos com educação, vivemos diariamente.
Aí penso que estou no caminho certo, pois todos os dias busco levar palavras positivas para a sala de aula, para a escola. Busco incentivá-los a serem os melhores, não importa o que queiram fazer, apesar que desejar profundamente que sejam ótimos cidadãos e que ajudem a sociedade melhorar para que vivamos em um lugar melhor. Lembrei-me  muito de um trecho do filme "O diabo veste Prada" em que And queixa-se para o colega de trabalho sobre as atitudes da chefe que a humilha e faz-se de coitada e ele diz a ela" Desista! Acredite, aparecerá outra sem seu lugar em um estalo de dedos. Ou acha que ela terá pena de você? A única que tem pena de você, é você mesma. O mundo não está preocupado com suas lágrimas." ( pode ser que uma ou outra palavra tenha mudado, mas o conceito é este!).
Pensem! Ter pena de si mesmo é muito triste. Não gosto de sentir pena de ninguém e sei que é quase impossível isso, mas se sentir dó de cada aluno meu que tem dificuldade na vida, não sairemos do lugar! Choro com cada um deles, contudo não lhes realizo  sonhos! Entendem?
Quero descobrir a cada dia o que meu aprendiz quer aprender, mesmo muitas vezes tendo as mãos engessadas. Tento fazer com que o gesso seja mais maleável, principalmente tornando o assunto interessante e olhando com carinho a cada olhar direcionado. Não posso salvar o mundo, mas tento acreditando em cada potencial.
O rendimento na minha sala de aula depende em como trato meu aluno.
Levar a negatividade dentro das minha palavras só fará com que eles as devolvam e sofrerei com isso também. O que ganho com isso?
Ser Poliana às vezes parece muito utópico e sei que tenho muito o que fazer, mas sei que é o melhor caminho que percorro.
Muitas vezes tento olhar com o olhar do outro e entendo que não sei o que faria no lugar dele, ou às vezes sei, e sei mais ainda a dificuldade que é apresentar a solução para o problema e  sabendo que aquele cérebro NÃO quer compreender. Sinto-me derrotada. Respiro e continuo.
No documentário, várias citações são feitas e disse a mim mesma" Olha, também já disse isso aos meus alunos!" como por exemplo : você é mulher, negra, pobre, portanto seja a melhor mulher e a melhor mulher negra. Ou então: ser pobre é F... mas e aí? Vamos deixar a sociedade nos massacrar? Não!
Plantar tâmaras para futuras gerações colherem é nosso compromisso. Não mudaremos o mundo hoje, mas posso começar a mudá-lo e tenho a certeza de que o mudo um pouquinho todos os dias.
Qual é o seu sonho?
"A educação não muda o mundo. Muda as pessoas e as pessoas mudam o mundo." Mas temos que querer!
Sei lá se todas essas palavras têm alguma valia, não sei. Sei que procuro construir meu cotidiano com atitudes positivas, solucionando problemas existente e os quais posso resolver, pois a sabedoria chinesa aqui também vale: preocupar-se com aquilo que posso resolver , caso contrário, esqueça-o.
Desejo muito que 2018 seja um ano de sucesso a todos nós, docentes de rede privada ou estadual, que nossos jovens queiram ser melhores, respeitando-se e a nós também para que haja sintonia, harmonia e que a orquestra toque com louvor.
Obrigada pela dica, Chefa linda!!

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